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Santa Joana D'Arc e a Lição aos Cavaleiros Templários





Santa Joana D'Arc e a Lição aos Cavaleiros Templários

Por: Irmã Postulante Ana Carolina Bett de Oliveira

Santa Joana D'Arc

A história de Santa Joana D'Arc, padroeira da França, é singular. Encanta gerações, inspira artistas, comove fiéis e não fiéis, surpreende. A santa guerreira da França é até hoje admirada e amada. Muitos desejam conhecer sua história, saber mais sobre ela e o que a levou a fazer algo tão maravilhoso e – por que não – inusitado para os padrões daquela época onde as mulheres não podiam nem ao menos falar com liberdade.

Ela nasceu na Idade Média, em uma pequena aldeia francesa chamada Domrémy. Seus pais, Jacques e Isabelle, eram simples, religiosos, donos de uma casinha humilde e de um pequeno rebanho, dos quais Joana, desde pequena, cuidava. A menina sempre foi bondosa e piedosa. Sempre mostrou amor a Deus, procurava participar sempre da Missa, e tinha especial devoção por Santa Margarida e Santa Catarina de Alexandria, além de São Miguel.

Ela era uma criança normal, ajudava os pais, cuidava do rebanho, brincava com os amigos... Mas um dia algo de maravilhoso ocorreu: Deus enviou São Miguel em pessoa, além de Santa Catarina e Santa Margarida, para falar com a menina! E eles lhe diziam “Vai para a França, filha de Deus. Toma da espada e do estandarte, guia os homens rumo à vitória, coroa o legítimo rei da França”. E Joana pensava “Como posso fazer tudo isso se sou só uma simples pastora?”

Joana D'Arc com sua armadura e seu inseparável estandarte

Ora, aquele era um período negro na história medieval. Por problemas referentes à linha de sucessão ao trono francês, França e Inglaterra lançaram-se em uma guerra que já durava muito tempo para decidir quem teria o direito de governar o já tão enfraquecido reino da França. Carlos de Valois era um rei sem coroa, um príncipe enfraquecido pelo medo e pelo desânimo. Apesar de ser o legítimo herdeiro do trono francês, o nobre mal tinha poder para pagar suas próprias dívidas, e portanto não poderia dispor de um exército eficiente. E como se não bastasse a guerra em si, a própria pátria de Joana estava dividida: de um lado estavam os armagnacs, partidários de Carlos e, de outro, os borgonheses, leais à Inglaterra. Era, portanto, um cenário bastante problemático, onde guerras e disputas políticas pareciam levar os conflitos à eternidade, sem que houvesse uma solução.

Enquanto isso o povo sofria. Havia fome, peste, choro e miséria pelo reino. Não havia esperança de dias melhores. Parece que que todos contentavam-se em viver suas vidinhas incertas, preparando-se para, mais dia menos dia, serem assaltados por tropas de ingleses, ou de franceses inimigos, terem suas casas saqueadas, suas lavouras destruídas, sua vida tirada de repente. E Domrémy não era diferente. O povo clamava a Deus por socorro, mas era essa a única coisa que poderiam fazer.

E Deus ouviu as preces daquele povo. Mandou mensageiros a Joana D'Arc, uma simples pastora mas com um espírito valente e determinado. Pediu a ela que fosse até Carlos de Valois, que se colocasse à frente das tropas francesas, que resgatasse das mãos do inimigo as cidades por eles tomadas, que o legítimo rei fosse coroado e ungido com óleo sagrado. E Joana obedeceu.

Joana D'Arc em frente aos seus soldados no campo de batalha

Como dizia ela às pessoas de seu tempo “os homens combaterão e Deus lhes dará a vitória”. E assim foi feito. Uma a uma as cidades sitiadas por ingleses ou borgonheses foram recuperadas em meio a batalhas épicas e tremendas vitórias. Algumas até nem ofereceram resistência. Entregaram-se sem lutar. O povo, vendo Joana falar em nome de Deus, ganhou vida nova. Muitos cavaleiros e soldados cansados das derrotas tomaram coragem e empunharam novamente suas espadas. Até os cidadãos pareciam recuperar o ânimo e a fé. A França finalmente acordava e caminhava em direção à paz.

Orléans, Jargeau, Beaugéncy, Auxerre, Châlons, Patay, Reims... uma a uma voltavam para o domínio francês, que tinha a bênção e o aval do próprio Rei dos Céus, e quem comandava os vitoriosos soldados franceses era Juana D'Arc, montada em seu cavalo e empunhando não uma espada, mas um estandarte branco onde se viam as figuras de Jesus e de Maria.

Finalmente, após cerca de um ano de batalhas e vitórias, Carlos de Valois, agora chamado de Carlos VII, finalmente tinha sobre a cabeça a coroa da França. Mas não era o suficiente. Joana desejava que a Inglaterra deixasse para sempre o reino. Porém Deus não lhe dizia mais nada. Tudo agora er silêncio. O que fazer?

Joana era dona de uma personalidade ativa e determinada. Nunca deixava nada para depois, sempre dizia que “era melhor ontem do que hoje e hoje é melhor que amanhã”. Não suportava ficar parada, a inatividade a deixava doente. Sempre foi acostumada a trabalhar, portanto detestava se sentir inútil. Também era bastante corajosa, e até mesmo irreverente. Uma vez, em uma audiência em um tribunal da Inquisição para averiguar sua veracidade e de sua missão, foi questionada por um clérigo natural de Champagne, onde se falava um francês carregado de um sotaque até mesmo engraçado, se suas santas e São Miguel falavam francês. A resposta veio imediatamente “falam um francês muito melhor do que o vosso”. Em outra situação, em um tribunal mais hostil que o citado anteriormente, perguntaram-lhe várias vezes a mesma coisa em dias diferentes. Joana recordava as perguntas que lhe faziam e, em certa vez, talvez cansada por horas de um interrogatório tremendamente enfadonho, e ao ver que estavam apenas tentando confundi-la, respondeu com bom humor “Se me perguntardes novamente isso, vos puxarei as orelhas”.

Observando tudo isso, dá para imaginar como a Donzela se sentiu ao ver que aparentemente não havia mais nada a ser feito.

São Miguel Arcanjo

Mas mesmo assim ela foi em frente. Joana não ouvia com tanta frequência suas santas e São Miguel, recebia um conselho vez ou outra, mas nenhuma nova ordem. Ainda assim tentou libertar outras cidades francesas, mas as vitórias começavam a diminuir. Paris, seu grande sonho, nunca foi reconquistada por ela, assim como outras cidades. Enquanto isso, a nobreza francesa confabulava e negociava tréguas com borgonheses e ingleses desleais, que não respeitavam os referidos acordos de trégua. O dia mais negro, porém, foi quando tentou liberar a cidade de Compiègne dos borgonheses. Justamente neste dia, Joana foi feita prisioneira pelos seus inimigos.

O plano dos inimigos da França era realmente sinistro: Joana D'Arc deveria não só ser mantida prisioneira. Ela deveria ser desacreditada perante todos. Deveria ser levada ao tribunal da Inquisição sob acusação de feitiçaria. A França deveria acreditar que aquela donzela inspirada e aparentemente santa não passava de uma impostora, que vinha da parte do diabo.

Mas Joana não era maligna, e nem suas inspirações provinham de heresia. A guerreira corajosa e destemida que libertou a França vinha da parte de Deus, e durante todo o seu longo e arbitrário julgamento, demonstrou piedade, mansidão, coragem e fé;

Execução de Joana D'Arc

Seus juízes queriam a todo custo condená-la, e tudo fizeram para conseguir isso. Utilizaram-se de ardis e manobras duvidosas até que, finalmente, na manhã ensolarada do dia 30 de maio de 1431, a Donzela de Orléans era conduzida à fogueira e executada como herege.

Mas a história da santa guerreira da França não acabou naquela quarta-feira.

Vinte e cinco anos depois da morte de Joana, instaurou-se um processo para reabilitar sua memória. Ou seja, a Igreja reconhecia que sua anterior condenação havia sido um erro, e a declarava inocente de todo e qualquer crime. A França, movida pelo martírio de sua protetora, ergueu-se definitivamente contra seus inimigos até que o último deles deixasse o solo francês, assim como Joana havia diversas vezes predito. Finalmente, no século XX, Santa Joana D'Arc era mais uma vez homenageada pela igreja, desta vez como santa e mártir.

Quando tudo parecia perdido, Deus voltou-se para as orações de um povo e lhe enviou uma luz.


A Lição aos Templários.

Santa Joana D'Arc

Irmãos, olhem o exemplo desta jovem. Joana deixou sua terra em período de plena guerra, sem saber lutar com espadas ou sequer cavalgar direito, para apresentar-se a um poderoso capitão que deveria, por sua vez, levá-la ao príncipe em pessoa para que este fosse coroado e sua pátria liberta dos inimigos. Também era necessário que ela mesma vestisse uma armadura e encarasse os perigos da guerra. Ela, uma simples camponesa! Tudo isso em um tempo em que uma mulher sequer poderia falar com liberdade diante de homens, quem dirá combater a seu lado!

E por que ela fez isso? Porque Deus lhe ordenou. Simplesmente isso.

Joana seguiu a ordem divina à risca, sem temer nada, apenas acreditou. E as portas se abriram para ela. Contrariando todas as expectativas, ela não só conseguiu manter-se equilibrada no lombo de seu cavalo, como conseguiu cavalgar como um dardo na direção dos inimigos e vencer batalhas quase impossíveis. Ela até mesmo encarou capitães e generais, por diversas vezes questiounou suas ordens, desaprovou várias estratégias que aqueles homens experimentados criaram durante os combates. Ela, que nunca havia lutado na vida. Isso por quê? Porque era Deus que ditava as ordens a ela. “Vós falais por vós mesmos, mas eu falo em nome do Rei dos Céus”. Era isso que ela dizia. Eis a primeira lição: Sem medo! Quando Deus chamar, devemos abraçar a missão e não importa quão difícil será o caminho. O conselho divino não nos faltará.

Joana D'Arc e seu estandarte

Joana também não teve medo dos homens letrados. Ela não sabia ler nem escrever, possuía, aos olhos mundanos, pouco ou nenhum saber, mas mesmo assim portou-se com extrema sabedoria e desenvoltura diante de homens letrados. Bacharéis, clérigos de prestígio, nobres, reis, muitos deles passaram por seu caminho e várias vezes ela foi questionada acerca de vários assuntos por eles. A todos Joana respondeu com ciência e humildade e às vezes, quando era necessário, até com irreverência ou ousadia. Tudo isso por confiar na conselho de Deus. Ela temia ao seu Criador, não aos homens. Não lhe importava o quão instruídos eles eram. Joana não se intimidou. Eram humanos como ela. Apenas a Deus ela devia submeter-se. Isso vale também para nós.

A humildade também não lhe faltou. Joana era a famosa Donzela de Orléans, a salvadora da França, a escolhida por Deus. E isso jamais lhe subiu à cabeça Tanto na glória quanto no anonimato, Joana D'Arc era a mesma. Por diversas vezes mandou que não se ajoelhassem diante dela, várias vezes espantou-se quando pediam que ela lhes tocasse a cabeça ou objetos de valor para que fossem abençoados. “Tanto faz que eu ou ela (referindo-se a uma amiga que a acompanhava) toquemos nisso. Dá no mesmo”, dizia ela. Nós, irmãos, somos cavaleiros de Deus. Somos Templários, pessoas que carregam um título de grande destaque, ou que causa espanto e admiração. Mas que importância tem isso se não formos humildes como nosso próprio Deus foi? Jesus Crusto tinha todos os motivos para exaltar-se aqui na Terra. Ora, ele era o Filho do próprio Deus! Mas se nem mesmo ele o fez, porque nós, meros mortais, o faríamos? Joana sabia disso desde sempre...

Por fim, a injustiça pesou sobre a cabeça desta jovem abençoada. A própria Igreja, na pessoa de seus juízes eclesiásticos, parecia virar as costas para ela quando submeteram-lhe à Santa Inquisição e acusaram-na de heresia. O sofrimento em uma prisão escura e úmida era intenso. Sem comida e água minimamente satisfatórios, sem luz e ar puro, acompanhada por guardas ameaçadores, traída, abandonada pelo seu próprio povo e pelo seu rei, a quem ela mesma levou à coroação e finalmente condenada à pior espécie de morte que existia. Vários motivos para deixar o desespero e o ódio vencerem. Mas durante muito tempo Joana suportou a dor com paciência, acreditando na vontade de Deus. “Se Cristo sofreu por nós, por que também nós não poderemos sofrer por Ele?” dizia ela.

Reprodução Artística de Santa Joana D'Arc

Mas nem os santos são perfeitos. São humanos como nós. Às vezes fracos e sujeitos às quedas. Joana, a pesar de toda a sua personalidade marcante, não era excessão à regra. Antes de ser levada à cidade de Rouen, onde seria julgada, quando soube que seus captores a venderam aos ingleses, a menina pulou da torre onde estava presa na esperança de escapar. Ela tinha medo, sabia que estar em poder dos borgonheses era ruim, mas estar nas mãos dos ingleses seria infinitamente pior, como de fato foi. Contrariando o conselho de suas Santas, Joana tentou a fuga, mas falhou e por pouco não morreu na queda. Outra vez, já em poder dos ingleses, Joana assinou uma abjuração, prometendo que deixaria de usar as vestes de homem que ela sempre portava (esta era, na opinião dos juízes, uma de suas maiores faltas), e em troca, seria levada a uma prisão guardada por mulheres, longe da masmorra horrorosa onde por tantos meses ela foi obrigada a permanecer, constantemente ameaçada pelos guardas, temendo por sua integridade e por sua saúde. O medo a impediu de raciocinar com clareza naquele dia, e ela não pôde notar que, na realidade, a estavam enganando. A abjuração que leram para ela era falsa, na realidade o documento continha milhares de falsas acusações, não apenas a promessa de não usar mais roupas de homem. E Joana assinou, acreditando na boa vontade de juízes corruptos. Resultado, teve que pedir perdão a Deus por ter se deixado levar pelo medo e por não ter confiado Nele. Em ambos os casos. O segundo caso, no entando, levou-a ao martírio, pois ao ver que havia sido trazida novamente à odiosa masmorra, Joana tomou coragem e trocou o vestido que usava por suas velhas roupas masculinas. Vendo isso, os juízes exultaram. Ela era agora uma relapsa, e relapsos eram condenados infalivelmente à fogueira. Joana errou, mas teve coragem de consertar seus erros e de seguir em frente com coragem, crente na misericórdia de Deus. Não foi uma tentativa de fuga que quase transformou-se em suicídio e uma traição à vontade de Deus que a impediram de ser considerada Santa. Deus tudo perdoa. Tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Ele nos ama. Ele é o Amor.

Monumento de Joana D'Arc em Paris

À morte, a donzela cavaleira saudou com alegria. Naquele dia ela partiria para junto de Deus. Não foram as caras assustadoras dos juízes ou o brado enfurecido da multidão que assistia a execução que a desviaram de seu divino foco. Joana, já atada à pira, pediu que lhe trouxessem uma cruz, e dois expectadores, um padre e – pasmem – um soldado inglês, atenderam seu pedido. Joana D'Arc partiu em paz, clamando em alto e bom som o nome que motivou-a a trocar sua vida feliz e tranquila pela guerra, e agora pelo martírio Mas a mesma guerra e o mesmo martírio eram sua vida. Eram sua missão, a razão pela qual ela existiu. Finalmente, lhe trariam a glória eterna e a honra da santidade. E em nome e pela glória daquele a quem ela clamava em meio ao fogo ela viveu. Em nome de seu único e verdadeiro amor: Jesus.

Irmãos, que o belíssimo exemplo deixado por Santa Joana D'Arc nos ensine a sermos verdadeiros cavaleiros de Deus. Que nem opressões, nem ameaças, nem processos, nem mesmo a fogueira nos impeçam de sermos o que Deus quer de nós.

Santa Joana D'Arc, rogai por nós.

Nom nobis, Domine, nom nobis. Sed Nomine Tuo da Gloriam!

Saudações!

Ana Carolina Bett de Oliveira

Atenciosamente,
Equipe TempleProject
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3 comentários :

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